Conheça a história de Nossa Senhora do Carmo

Sendo uma das devoções marianas mais antigas e amada pelos fiéis, o título de Nossa Senhora do Carmo é amplamente conhecido, especialmente pelo Escapulário, sacramental entregue pelas mãos da própria Virgem Maria, em sua aparição a São Simão Stock, no dia 16 de julho de 1251.

Certamente você já viu uma imagem ou já ouviu falar de Nossa Senhora do Carmo, mas você conhece a história desta devoção? Leia a matéria e conheça mais!

A Ordem dos Carmelitas

A Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, os Carmelitas, tem como Pai Espiritual o Profeta Elias.

O Primeiro livro dos Reis narra que o profeta Elias, se reuniu, no Monte Carmelo, com alguns homens, para defender a pureza da fé e vencer um desafio contra os sacerdotes do deus Baal.

Seguindo os seus passos, alguns grupos de monges, lá para o final do século XII depois de Cristo (aproximadamente dois mil anos depois da vida do profeta Elias), decidiram formar uma comunidade no Monte Carmelo.

O Monte Carmelo (em hebraico, “carmo” significa vinha; e “elo” significa senhor; portanto, “Vinha do Senhor”).

Estes primeiros monges eram, na verdade, cavaleiros cruzados, que cansados da violência e injustiça daquelas guerras para conquistar a Terra Santa das mãos dos mouros, ali se refugiaram, sedentos de uma vida mais autenticamente evangélica.

Deste modo, por volta de 1155, construíram uma capela dedicada a Virgem Maria, chamando-a de “Senhora” do lugar, segundo os costumes feudais, e renderam a ela serviço de dedicada doação dos primeiros carmelitas, escolhendo-a como padroeira e protetora, buscando imitar suas virtudes. Os peregrinos que os visitavam começaram a chamá-los Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.

Desta forma os carmelitas adotaram como padroeiros, em primeiro lugar a Santíssima Virgem Maria, a Senhora do Monte Carmelo, e como Pai espiritual Santo Elias.

Reconhecimento e perseguição

Por volta do ano de 1209, os irmãos decidiram formalizar a sua vida, pedindo uma Regra de vida para o bispo Santo Alberto, patriarca de Jerusalém, que lhe escreveu uma muito simples. Em 1226, o Papa Honório III concedeu a aprovação à Ordem.

Entretanto, logo os irmãos carmelitas começaram a sofrer perseguições, especialmente por parte dos muçulmanos, que obrigou-os a dividir-se em dois grupos: um que permaneceu no Monte Carmelo, onde foram massacrados e o mosteiro incendiado; o segundo grupo refugiou-se na Sicília, Creta, Itália e, finalmente na Inglaterra, no ano de 1238.

Em 1247 o Papa Inocêncio IV adaptou a Regra de Santo Alberto às novas situações dos Carmelitas no Ocidente e a aprovou definitivamente.

São Simão Stock e o escapulário

Apesar dos Carmelitas do Ocidente conseguirem fundar os seus mosteiros e também conquistarem a aprovação da Regra, não demorou muito para eles também sofrerem com duras perseguições.

Simão Stock era um monge carmelita muito piedoso que vivia na Inglaterra. Aflito, ele observava e sofria com as perseguições cada vez mais fortes que avançavam furiosamente contra a ordem, por isso ele, junto de seus confrades, clamavam a misericórdia de Deus, recorrendo à intercessão de sua doce Mãe e Senhora.

Na noite do dia 16 de julho de 1251, Simão dirigiu-se a Nossa Senhora e pediu-lhe o “privilégio feudal”, a proteção da “Senhora” sobre seus vassalos em tempos de perseguição e dificuldades.

Neste momento rezou esta famosa e bela oração, própria da Ordem:

“Flor do Carmelo, vide florida.

Esplendor do Céu.

Virgem Mãe incomparável.

Doce Mãe, mas sempre Virgem,

Sede propícia aos carmelitas,

Ó Estrela do Mar”

Neste momento, a doce Virgem Maria apareceu-lhe rodeada de anjos. Entregando nas mãos de Simão um escapulário, lhe disse:

“Recebe, meu filho muita amado, este Escapulário de tua Ordem, sinal de meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas: quem com ele morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e de amor eterno”.

Este escapulário que a Virgem lhe entregara era, na verdade, uma vestimenta de comprimento um pouco menor do que a túnica que São Simão Stock vestia, era também de pano marrom e aberta nas laterais, semelhante a um avental.

Depois desta aparição, Simão chamou todos os frades e explicou o que havia acontecido, desta forma, acrescentaram o escapulário ao hábito e começaram a cantar esta maravilhosa aventura da Virgem Santíssima para ajudar os carmelitas.

Com o passar dos anos, adaptou-se o Escapulário para uma forma menor, como hoje se encontra, para que assim o povo também pudesse usá-lo, como sinal de amor a Virgem Maria e símbolo de pertença a sua família carmelita.

Bula de proteção

Depois da aparição e de numerosos apelos por proteção contra os perseguidores da Ordem, o Papa Inocêncio IV, no dia 13 de janeiro de 1252, expediu uma bula de proteção que defendia os carmelitas dos problemas que enfrentavam.

Nossa Senhora do Carmo e São Pedro Tomás

Apesar da bula de proteção, os carmelitas continuavam enfrentando problemas, foi então que, alguns anos mais tarde, São Pedro Tomás (1305-1366), monge carmelita que cuidava de importantes missões na corte papal, recebeu uma visão de Nossa Senhora do Carmo que lhe disse:

“Tem confiança, Pedro, pois a Ordem do Carmo perdurará até o fim do mundo. Elias, que a fundou, obteve esse favor de meu Filho muito tempo atrás”. 

Foi durante o século XIV que muitos, atraídos pela Ordem do Carmo e pelos vários privilégios de que goza, tornaram-se membros dela por meio de confrarias.

O Privilégio Sabatino

Nossa Senhora do Carmo apareceu uma outra vez, no dia 03 de março de 1322, desta vez ao Papa João XXII. Maria lhe revelou aquilo que hoje conhecemos como “privilégio sabatino”.

Eu, Mãe da Graça, descerei ao Purgatório no sábado depois da morte deles. Quem quer que eu lá encontre, eu o libertarei.”

São Roberto Belarmino explicou que a promessa significa “que qualquer um da família de Maria que morra receberá dela, na hora da morte, ou a graça da perseverança no estado de graça ou a graça da contrição final”.

Ao saber dessa visão, o Papa Bento XV encorajou todos a usar “esta armadura simples que goza do singular privilégio de proteger mesmo depois da morte”.

Dezesseis papas deram sua aprovação a este privilégio, inclusive o Papa Paulo V, que emitiu um decreto a favor dele. Muitos santos também o aprovaram. A Ordem do Carmo, por várias razões, não fala mais dele. Entretanto, com base na sua fé na misericórdia de nossos santos pais, os membros fiéis ainda podem acreditar nesta promessa extraordinária.

Pedido em Fátima 

No dia 13 de outubro de 1917, na última aparição de suas aparições na Cova da Iria, em Fátima, a Virgem Maria uniu três devoções marianas: a espiritualidade do Escapulário; oração do Santo Rosário; e a consagração ao seu Imaculado Coração. Logo depois da aparição, os três pastorinhos de Fátima tiveram visões. Na primeira delas, ao lado de São José, apareceu Nossa Senhora do Rosário, com o Menino Jesus ao colo. Em seguida, surgiu como Nossa Senhora das Dores, junto com seu Filho, o Homem das dores (cf. Is 53, 3), que passava por grandes sofrimentos.

Na terceira e última visão, “gloriosa, coroada como Rainha do Céu e da Terra, a Santíssima Virgem apareceu como Nossa Senhora do Carmo, tendo o Escapulário à mão”. No ano de 1950, perguntaram à Irmã Lúcia o motivo da Virgem do Carmo aparecer com o Escapulário nas mãos. Em resposta, ela disse: “É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário”. Pouco tempo depois, no dia 11 de fevereiro de 1950, o Santo Padre, Papa Pio XII, providencialmente convidou toda a Igreja Universal a “’colocar, em primeiro lugar, entre as devoções marianas, o escapulário, que está ao alcance de todos’; entendido como veste mariana, esse é de fato um ótimo símbolo da proteção da Mãe celeste”.

Nossa Senhora, flor do Carmelo, rogai por nós!

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Fontes:

https://bibliotecacatolica.com.br/blog/devocao/a-historia-de-nossa-senhora-do-carmo/

https://www.vaticannews.va/pt/feriados-liturgicos/nossa-senhora-do-carmo.html

https://santo.cancaonova.com/santo/nossa-senhora-do-carmo-virgem-do-escapulario/

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