História da Sagrada Família

Sagrada Familia de Nazaré

A Anunciação

Quando Deus decidiu que havia chegado o tempo do Seu Filho amado vir ao mundo para a salvação dos homens, enviou o Arcanjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. (Lc 1, 26-27)

A vinda do Filho de Deus ao mundo poderia ter acontecido de muitas maneiras, sendo Deus Onipotente e Todo Poderoso, todavia Ele, em sua infinita piedade, quis vir ao mundo de forma "natural" ou seja, por meio de uma família, para que assim, nascido do ventre de uma mulher, fosse o Filho de Deus também o Filho do Homem.

Esse vínculo com a humanidade foi alcançada por intermédio de Maria que ao ser escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus, "foi adornada por Deus com dons dignos de uma tão grande missão”.

O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como "cheia de graça".

Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus.

Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, "cumulada de graça" por Deus (139), tinha sido redimida desde a sua conceição. É o que confessa o dogma da Imaculada Conceição, procla­mado em 1854 pelo Papa Pio IX:

"Por uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição (140).r uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição" (CIC 490, 491)

Deste modo, Maria toda Santa, Pura e Imaculada, aceitando a vontade de Deus para a sua vida, deu o seu "sim" e através da ação do Espírito Santo recebeu de Deus o maior privilégio e a graça que supera todas as demais graças: carregar em seu ventre o Santo dos Santos, o Verbo Eterno, feito carne para a remissão dos pecados.




O casamento virginal de Maria e São José

Ao ouvir aquelas palavras do Anjo Gabriel, a Virgem Maria perguntou ao anjo:

“Como se fará isso, pois não conheço homem?” (Lc 1,34)

Essa pergunta pode parecer-nos um tanto estranha visto que, no momento da Anunciação, Maria já estava casada com São José.

O rito do casamento judaico consistia em duas fases: uma primeira fase, pela qual o contrato de casamento era selado, tornando as partes verdadeiramente marido e mulher; e uma segunda fase, pela qual havia a cerimônia em que o noivo era levado festivamente em procissão atá a casa da noiva. Em seguida, a noiva seguia em procissão com o noivo para a sua casa, onde acontecia o desfecho da cerimônia, a partir deste dia a esposa passava a morar com o marido e lá consumavam o casamento.

Maria e José estavam nesta primeira fase do casamento, como bem podemos observar no Evangelho segundo São Mateus: “Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo” (Mt 1,18)

Depois de firmado o contrato do casamento, a Virgem Santíssima revelou a São José que desejava, desde a sua infância, consagrar-se inteiramente a Deus por meio do voto de virgindade perpétua, São José, ao ouvir tais palavras de sua esposa, revelou-lhe que o mesmo desejo ardia em seu coração.

Desta forma, Maria e José, de comum acordo, consagraram-se inteiramente a Deus, abraçando o celibato em um casamento santo e casto.

Foi exatamente este casal que Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu para ser os seus pais, santos e castíssimos pais, na qual, pela ação do Espírito Santo, se encarnou no ventre da sempre Virgem Maria, tomando-a como sua Mãe de sangue, enquanto São José, tornava-se seu pai adotivo.


O sonho de São José

Ao saber da misteriosa gravidez de Maria, São José, seu esposo, ficou com o coração atribulado.

Em nenhum momento ele duvidou da índole de sua Santa esposa, pelo contrário, José viu-se diante de um grande mistério: percebeu que Deus tinha grandes desígnios para a vida de Maria e, sendo ele um homem muito humilde, não se sentiu digno de participar desse mistério, deste modo José "que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente." (Mt 1,19)

Em meio a essa grande aflição, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José lhe explicando tudo o que acontecera com Maria, desta forma, livre dos temores, José aceitou Maria e o filho que carregava em seu ventre e desde então dedicou a sua vida para cuidar e zelar da sua família.


O Nascimento de Jesus

"Naqueles tempos, apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Esse recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria.

Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade.

Também José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa, Maria, que estava grávida." (Lc 2, 1-5)

Ao completar os dias da gravidez, José junto de sua esposa prestes a dar à luz, foram em busca de abrigo mas não conseguindo lugar na hospedaria, tiveram de ir a uma pequena gruta que servia de estábulo e lá, em meio aos animais, nasceu Jesus Cristo, o Rei do Universo.


Os três Reis Magos

O nascimento do Messias já era esperado pelos judeus e Deus havia dado indícios da vinda do Salvador através da boca dos profetas. Essas professias eram analisadas pelos mestres da lei e todo o povo aguardava com grande ansiedade a vinda de Cristo.

Enquanto a Virgem Maria e São José contemplavam admirados o Menino Jesus, pequena e frágil criança que sustentava o universo, pois era o Deus Altíssimo, alguns magos vindos do Oriente, seguindo a estrela que surgira no céu anunciando o nascimento do Messias, dirigiram-se a Jerusalém, afim de adorar o menino que acabara de nascer.

Ao receber tais notícias dos magos, o rei Herodes mandou-os retornar assim que encontrassem o menino afirmando que também queria adorá-lo, o que era mentira, pois bem sabia Herodes que o menino anunciado pelos profetas seria considerado rei.

Os magos, ao encontrarem o Menino Jesus, adoraram-Lo e entregaram a Ele presentes (ouro, incenso e mirra). Depois, em sonho, foram avisados para não retornar ao palácio de Herodes, e que retornassem a sua própria terra por outro caminho e assim o fizeram.


A apresentação do Menino Jesus no templo

"Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor” (Ex 13,2); (Lc 2, 22-23)

Conforme a Lei, sobre a mulher gestante incidiam várias exigências a serem cumpridas quando do nascimento da criança. A consagração dos primogênitos era feita no ato da circuncisão, no sexto dia do nascimento (Ex 22,28s; Lv 12,3). A purificação da mãe acontecia trinta e três dias depois da circuncisão.

No Templo de Jerusalém, por ocasião da purificação de Maria, o justo Simeão tomando o Menino Jesus em seus braços prefetizou:

“Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpas­sa­rá a tua alma”. (Lc 2, 24-35)

Realmente, um marco do ministério de Jesus, foi o conflito com as tradições da Lei e com os chefes religiosos. Suas palavras e ações converteram e salvaram a muitos, mas ao mesmo tempo despertou inveja e ódio em tantos outros, de forma que Jesus foi levado à morte de Cruz.

Maria, ao acompanhar seu Divino Filho por todo o doloroso caminho até o Calvário, ao contempla-Lo maltratado e humilhado, coroado e espinhos e suspenso na Cruz, ao ouvir suas últimas palavras antes de entregar Seu Espírito ao Pai e por fim, ao toma-Lo exânime nos braços, cumpria-se a segunda profecia de Simeão que lhe disse que uma espada de dor transpassaria-lhe o coração.



A fuga para o Egito

Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos. (Mt 2,16)

O Menino Jesus corria risco de vida, desta forma, o Anjo do Senhor apareceu novamente em sonho a São José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”.

José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.

Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Do Egito chamei meu filho (Os 11,1)" (Mt 2, 13-15)



A vida da Sagrada Família

Com a morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egito, e disse:

“Levanta-te, toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino”.

José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.

Ao ouvir, porém, que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai Herodes, não ousou ir para lá. Avisado divinamente em sonhos, retirou-se para a província da Galileia e veio habitar na cidade de Nazaré, para que se cumprisse o que foi dito pelos profetas: Será chamado Nazareno. (Mt 2, 19-23)

Tendo se instalado em uma simples casa em Nazaré, ali viveu a Sagrada Família até o início da vida pública de Jesus (por volta dos seus trinta anos de idade). Durante este período, a Sagrada Família de Nazaré viveu uma vida "pacata", simples porém santa, elevando ao grau máximo a dignidade da vida em família.

São José, sendo o pai e o chefe da família, trabalhava dia após dia, para sustentar sua esposa e seu filho adotivo, como artesão em sua carpintaria. Homem de silêncio e de muita piedade, São José viu o Menino Jesus crescendo, viu-O trabalhando junto dele na oficina, ensinou e também aprendeu muito de Jesus, até que no fim da vida teve o privilégio de dar o seu último suspiro ao lado do Filho de Deus e de sua amada esposa, a Virgem Maria, a mais pura e santa, a mais perfeita entre as mulheres, a Mãe do próprio Deus.

A Santíssima Virgem, gerou, amamentou, criou, e educou seu Filho com tanto amor e zelo que carinho algum de mãe poderá se comparar ao carinho que Maria tinha para com o seu Filho Divino, pois amava-O como carne da sua carne, coração do seu coração e adorava-O como seu Deus.

Maria dedicou toda a sua vida para com o seu Filho Divino, acompanhou-O e uniu-se a Ele não só em Sua infância, mas em todos os momentos da Sua vida. Como uma mãe amorosa, Maria seguiu os passos de Jesus até a Cruz.

Maria e José amavam-se com um profundo e fiel amor conjugal e com a pureza angélica de seus corações castos. Unindo-se como uma só carne por meio do matrimônio, a Virgem Maria e São José em tudo honraram e glorificaram o nome de Deus. Convivendo dia após dia na presença do próprio Cristo, atingiram ambos os maiores graus de virtude e santidade, tornando-se, deste modo, o modelo de todos os casais.

Jesus, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, que por amor a nós se fez pequenino, para se aproximar de forma mais íntima da humanidade, quis em tudo se assemelhar a nós, com excessão ao pecado.

Fez-se então menino, uma criança, frágil porém santíssima, para viver uma vida como a vida que nós, suas criaturas vivemos. Ele teve de aprender de seus pais a falar, a andar, a ler, a rezar, por amor a nós, afim de santificar toda a infância.

Quando jovem, aprendeu a trabalhar com São José e lá experimentou todo esforço humano de sustentar-se afim de santificar o trabalho.

Jesus teve fome, sede, cansaço, alegrias e tristezas. Quis Deus participar de toda a vida humana afim de redimir toda a humanidade, toda a sua passagem aqui na terra foi, desde a concepção até a morte na Cruz, da Ressurreição até sua gloriosa Ascensão, um único ato de amor e misericórdia infinitas.

Aprendamos pois, a exemplo da Sagrada Família, viver a santidade no seio famíliar, nas atividades mais simples do nosso dia.

Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!

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