Aprenda a rezar o Terço de Nossa Senhora de Fátima

“Rezai o Terço todos os dias. Rezai, rezai muito! E fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas.”

Nossa Senhora de Fátima

Rezar o Terço é um sinal de devoção a Jesus e Maria. Por meio dessa oração, estabelecemos uma conexão íntima com Deus através do coração da Boa Mãe. Mas eu te faço uma pergunta: Você sabe rezar corretamente o Santo Terço?

Ao contrário do que possa parecer o Santo Terço não se trata de uma oração repetitiva, mas sim de uma oração contemplativa, ou seja, uma oração que nos leva a meditar e adentrar num mistério profundo que tem como objetivo nos levar a uma oração sincera e íntima com Deus.

Quer aprender a rezar passo a passo o Santo Terço? Então continue lendo este artigo.

Antes de iniciarmos, é importante ressaltar que ao rezar o Santo Terço estamos, em primeiro lugar, contemplando a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e deste modo contemplando também os mistérios da nossa redenção, por isso não se atente muito ao tempo que você vai levar rezando, o importante aqui é a contemplação, a exemplo da própria Virgem Maria que conservava todas essas palavras, meditando-as no seu coração.” (Lc 2, 19).

Ainda sobre a contemplação dos mistérios do Santo Terço, é recomendável para aqueles que tem mais dificuldade, ler um texto base que explique melhor o mistério para depois disso começar a rezar as Ave Marias.

Por que isso?

Como já foi dito, o Santo Terço, bem como o Rosário, é uma oração contemplativa, ao fazer a leitura (com calma, prestando atenção em todo o texto), fica mais fácil meditar, isto é, “imaginar a cena”, logo após isso você começará a perscrutar todos os detalhes do mistério, afim de que, enquanto estiver rezando as Ave Marias (que tanto no Santo Terço como no Rosário, tem a função se ser a “melodia” que acompanha a meditação") seja possível chegar a contemplação, isto é, verdadeiramente visualizar e admirar a ação amorosa de Deus.

Está com o Terço nas mãos? Ótimo! Vamos começar.

Iniciemos invocando a presença da Santíssima Trindade

Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Oferecimento

Divino Jesus, eu vos ofereço este Terço (Rosário) que vou rezar, contemplando os mistérios da nossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, virtudes necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganhar as indulgências anexas a esta santa devoção.

(Pode-se acrescentar o que segue, e também intenções particulares: Ofereço-Vos também em reparação aos Corações de Jesus e Maria, nas intenções do Imaculado Coração de Maria, nas intenções do Santo Padre, pelo Santo Padre e por toda a Igreja, pela santificação do clero e das famílias, pelas almas no purgatório, pelas vocações sacerdotais, religiosas, missionárias e leigas, pela Paz no mundo, pelo Brasil.)

Segurando a Cruz professemos a nossa fé

Reze a Oração do Credo.

Na primeira conta grande

Aqui rezaremos a oração ensinada por Jesus: o Pai Nosso.

Nas primeiras três contas menores

Rezaremos 3 vezes a oração da Ave Maria em honra à Santíssima Trindade.

A seguir, segurando a outra conta maior

Reze a oração do Glória ao Pai, e logo após a Jaculatória ensinada por Nossa Senhora de Fátima:

“Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente aquelas que mais precisarem.”

Os Mistérios do Santo Terço

Para aqueles que não tem o costume de rezar esta oração é muito comum confundir o Santo Terço com o Rosário, mas é simples a diferença:

Antigamente, o Rosário era formado pela recitação de 150 Ave Marias, sendo dividido em três mistérios que continham 50 Ave Marias. Cada um destes mistérios contemplava um período da vida de Jesus Cristo:

  • Os Mistérios Gozosos, ou mistérios da alegria, que era subdividido em 5 mistérios mais curtos, ou seja, em cinco breves meditações, com 10 Ave Marias em cada, que contempla a Encarnação do Verbo e a Infância de Jesus.

  • Os Mistérios Dolorosos, que subdividido em 5 mistérios com 10 Ave Maria em cada, que contempla a Paixão de Cristo.

  • Os Mistérios Gloriosos, que também tinha cinco mistérios que contempla os triunfos do Cristo sobre o poder das trevas.

O Terço, portanto, corresponde a terça parte do Rosário, ou seja, a recitação de 50 Ave Marias.

Em 2002, o então Papa São João Paulo II instituiu os Mistérios Luminosos, que contempla a Vida Pública de Jesus inserindo mais cinco dezenas. Com isso, o Rosário passou a ter 200 Ave Marias. O Terço continua com as mesmas cinco dezenas, sendo, hoje, a quarta parte de um Rosário. Mas como o nome é muito popular, não mudou.

Quando se reza o Rosário, é meditado todos os quatro mistérios de uma vez, porém, quando rezamos o Santo Terço, rezamos 1 mistério por dia.

A Igreja organizou dias específicos para a contemplação de cada mistério do Terço. Colocaremos aqui quais são eles.

  • Domingo: Mistérios Gloriosos

  • Segunda-feira: Mistérios Gozosos

  • Terça-feira: Mistérios Dolorosos

  • Quarta-feira: Mistérios Gloriosos

  • Quinta-feira: Mistérios Luminosos

  • Sexta-feira: Mistérios Dolorosos

  • Sábado: Mistérios Gozosos

A Estrutura do Santo Terço

Independentemente dos mistérios contemplados, a estrutura do Santo Terço é a mesma. Depois das orações iniciais, começaremos a recitação das Ave Marias.

Ao olharmos para o Terço vemos que ela possui cinco contas maiores que separam dez contas menores.

  • Nas contas maiores rezam-se o Pai Nosso,

  • Nas contas menores rezam-se as Ave Marias.

  • Ao final das dez Ave Marias reza-se a oração do Glória ao Pai junto da jaculatória ensinada por Nossa Senhora, a mesma que rezamos na oração inicial.

  • Ao final do Terço, rezamos a oração da Salve Rainha.

Agora que entendemos a estrutura do Santo Terço, vamos continuar a oração.

A seguir colocaremos as meditações de cada mistério do Santo Terço.

Mistérios Gozosos (segunda-feira e sábado)

Como dito anteriormente, cada Mistério do Santo Terço, ou Rosário, é subdividido em 5 pequenos mistérios. Nos Mistérios Gozosos contemplamos o mistério da Encarnação do Verbo.

Pedindo a intercessão da Virgem Santíssima, rezemos:

  • No 1° Mistério contemplamos a Anunciação do Anjo Gabriel e Encarnação do Verbo no seio puríssimo da Virgem Maria

Um comunicado oficial de grande importância não é jamais confiado a qualquer pessoa. O fato de Deus enviar um anjo para se dirigir à Virgem Maria, por si só, já é muito significativo. Não foi uma inspiração pessoal que ela teve, uma ideia muito boa, ou mesmo uma intuição que surgiu em sua cabeça. A coisa foi muito mais objetiva e concreta. Leia:

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria” (Lc 1, 26-27).

Viu só como o autor sagrado faz questão de oferecer informações temporais, espaciais e de personagens? Preste atenção agora ao que esse enviado do Criador do universo diz:

“O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28).

Olha que adjetivo magnifico o anjo utiliza: “Cheia de graça!” Deus estava com Maria, num nível profundo, tão profundo, que não havia espaço para nenhuma outra coisa dentro dela, que não fosse, ação da graça.

Os planos e projetos Divinos eram assim, abraçados e vividos por ela de modo pleno. Se em Jesus o ser humano é elevado da categoria de uma criatura especial à condição de filho de Deus, é pelo sim de Maria que Deus se fez homem e efetivou esse maravilhoso propósito.

O primeiro mistério do Santo Terço, então, deve ser marcado pelo louvor a Deus, que se abaixa para nos exaltar, mas também pelo olhar terno, amoroso e pleno de gratidão para com essa Santa Mulher, cheia de graça. Que respondeu sem hesitar:

“Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1, 38).

  • No 2° Mistério contemplamos a visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel

Como é maravilhoso receber a visita de uma pessoa amada. A alegria parece fazer o coração sair pela boca. Quanto mais a amamos e quanto menos esperada era a visita na ocasião, mais emocionante e surpreendente ela se torna.

Nesse segundo mistério do Santo Terço, somos motivados à contemplação da belíssima cena, em que a Santa Virgem Maria, escolhida para ser a mãe de Jesus, o Filho de Deus, visita sua parente, a querida Isabel. Leia com atenção a narrativa bíblica:

“Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”” (Lc 1, 39-42).

Como podemos ver nessa cena, Isabel, cheia de alegria e do Espirito Santo, completa o discurso de saudação que o anjo fez a Maria.

O anjo disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28).

Isabel ao se encontrar com Maria, inspirada pela graça divina, diz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 39-42).

O fruto do ventre de Maria é Jesus. Esse fruto só chegou até nós, permita-me repetir de novo… e de novo… por causa dessa bendita resposta: “Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).

Desejo, assim, que entre uma Ave Maria e outra seu coração vá, pouco a pouco, se enchendo de gratidão a Deus, por ter dado Maria, cujo sim decidido o permitiu vir até nós. Os Mistérios Gozosos nos mostram como Maria está presente em nossas vidas. 

  • No 3° Mistério comtemplamos o Nascimento do Menino Jesus em Belém

O nascimento de um bebezinho requer alguns procedimentos para ser bem-sucedido. Faz-se necessário criar um espaço físico e emocional, para que a mente e corpo da mãe possa desempenhar essa tarefa tão linda, mas também desafiante, de modo saudável.

No evangelho vemos o clima hostil que a Mãe de Jesus e seu discreto, mas eficiente, esposo José, tiveram que enfrentar:

“Naqueles tempos apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Este recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria. Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade. Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 1-7).

Quando rezarmos e meditarmos esse mistério do Santo Terço nosso coração deve recordar tantas vidas, que ainda sem um nome, um rosto, ou culpa, são ameaçadas de morte, num espaço que deveria ser o símbolo do amor, da segurança, abrigo e proteção (Útero materno).

Peçamos também por mães e pais que padecem pela ausência de uma estrutura política, social, econômica e emocional favorável à vida, para que ao encontrarem-se com Deus possam tornarem-se mais otimistas, esperançosos, na construção de um mundo novo, propicio e favorável à vida.

Com isso, os Mistérios Gozosos nos mostram como a nossa intercessão tem poder na vida das pessoas.

  • No 4° Mistério contemplamos a Apresentação de Jesus no Templo

Na cultura judaica, as crianças eram as herdeiras de uma tradição milenar que, além de garantir a continuidade do povo judeu, promovia a perpetuação de uma eleição especial diante do Criador. Cabia aos pais o dever de cuidar e proteger física e espiritualmente seus pequenos.

Entre os costumes, havia um em que o Pai apresentava seus filhos, ainda recém-nascidos no templo. José e Maria, como fiéis judeus, foram cumprir esse preceito. Nessa parte dos Mistérios Gozosos fazemos memória de como aconteceu:

“Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão veio ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará tua alma” (Lc 2, 25-35).

Conclua sua leitura com uma Ave Maria, refletindo sobre essa promessa em seu coração:

“Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição” (v. 34).

Que sejamos reerguidos e jamais derrubados em nossa fé e adesão cheia de esperança em Deus.

  • No 5° Mistério contemplamos a Perda e o reencontro do Menino Jesus no Templo

Perder é sempre uma experiência desagradável. Porém, esse acontecimento faz parte do desenvolvimento humano. Para ganharmos a vida aqui fora no mundo, foi preciso perder o espaço confortável e acolhedor do útero materno. Para aprendermos a andar tivemos que perder o colo e o abrigo forte dos braços dos pais.

Mas como essa realidade nos fará meditar os Mistérios Gozosos?

A dor da perda algumas vezes pode ser uma experiência muito desagradável. Basta pensarmos no clima de dor presente num velório, diante da morte da mãe, do pai ou de um filho. Essa introdução foi para que pudéssemos contemplar com mais profundidade o tamanho da dor e do desespero de Maria e José diante do sumiço de seu querido e pequeno filho Jesus. Leia:

“Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem… Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas” (Lc 2, 41-47).

De um lado vemos o encanto maravilhado dos ouvintes do pequeno Jesus, de outro a dor misturada com alívio dos pais. Nesse quinto mistério do Santo Terço, peçamos a Deus por todos aqueles que se sentem perdidos e desorientados e ainda não encontraram Jesus.

 

Mistérios Dolorosos (terça-feira e sexta-feira)

Nos Mistérios Dolorosos somos chamados a adentrar mais profundamente na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pedindo a intercessão da Virgem Santíssima, rezemos:

  • No 1° Mistério contemplamos a Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras

A intercessão na agonia é uma experiência de amor.

Medo, ansiedade e dor são experimentados por todas as pessoas em momentos de grandes e ameaçadores perigos. Quando estamos sofrendo, com medo, parece que não conseguimos pensar em nada, a não ser na dor e nos perigos que nos ameaçam.

Nosso objetivo é fugir e nos livrar da agonia a qualquer custo. Em outras palavras, o “EU” torna-se o centro das atenções de quem está sofrendo. Aqui nesse momento dos Mistérios Dolorosos do Santo Terço, vemos como mergulhar na profundidade e intensidade do amor de Jesus por mim e por você. Olhe o que Ele faz e pede ao Pai num momento tão decisivo e doloroso:

“Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo. Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” (Mateus 26, 36-39).

Veja que lindo, Ele expressa com clareza sua dor, seus medos, mas no final de sua oração faz esse impactante e amoroso pedido: “Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” (39).

Em momentos de dor, de confusão, duvida e desespero, é consolador estarmos acompanhados de pessoas que nos amam e que mesmo em silêncio parecem nos dizer: “Conte comigo, estou aqui!” Porém, nem isso Jesus teve, sua dor parecia invisível, mesmo por aqueles que o seguiam e diziam ama-lo. Tanto que eles dormiam tranquilamente.

“Foi ter então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: Então não pudestes vigiar uma hora comigo… Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26, 40-42).

A oração e a súplica de Jesus era intensa, como intenso, doloroso e decisivo era o momento que se aproximava, porém o amor fazia com que o Mestre permanecesse indissolúvel e irredutível:

“Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade! Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e repousai! Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores… ” (Mateus 26, 42-45).

Sempre que meditarmos e contemplarmos esse mistério, supliquemos a Deus, em nome de Jesus e por intercessão de tantos santos, que não fugiram, não se esquivaram, mesmo envolvidos pelas grandes e dolorosas provas da vida. Assim seja, amém.

  • No 2° Mistério contemplamos a Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo

Meus pecados o torturam, minha conversão sincera o consola. Você tem ideia do que Cristo sofreu na Cruz, por amor a você e de como foram intensas suas dores?

Alguns estudiosos procuraram responder a essa pergunta. Para isso, foi feito um trabalho conjunto entre teólogos, historiadores, médicos e psicólogos.

A lista de sofrimentos era gigante: vertigens, cãibras, fome profunda, falta de sono, febre traumática… Tudo potencializado pelas gigantes dores emocionais, resultante do desprezo e do medo. Grandes eram as zombarias, o constrangimento e a vergonha que sofreu. Por isso, vejamos como aconteceu esse momento dos Mistérios Dolorosos:

“Pilatos mandou então flagelar Jesus. Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-na sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: “Salve, rei dos judeus!”. E davam-lhe bofetadas” (Jo 19, 1-3).

Entre as várias reações físicas, previsíveis devido à perda de sangue e o suor excessivo, Jesus estava, provavelmente, com uma grande desidratação e muita sede. Quem está sentido muita dor, um simples sopro sobre as feridas é um imenso alívio. Quem está com muita sede, basta uma gota de água para aliviar.

“Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede!” (João 19, 28).

A sede física de Jesus era gigante, é verdade, porém, maior do que a sede física, era a sede que Ele tinha das almas daqueles homens e eles de Jesus. Nesse momento dos Mistérios Dolorosos, imagine como Jesus o ama pergunte a Ele: “Senhor, como eu posso aliviar a sede do seu coração?” Entre outras coisas, Ele responderia: “Evangelizando! Fazendo com que mais e mais corações indiferentes e distantes me conheçam”. 

Peçamos, então, a Deus, nessa dezena do Santo Terço, sempre que a rezarmos por tantos e tantos corações que não o conhecem.

  • No 3° Mistério contemplamos a Coroação de Espinhos

A coroa de espinhos é o símbolo do Rei que se abaixa. Em todos os povos e culturas humanas, foi se criando símbolos que identificavam a raça, a função e o papel que uma pessoa desempenhava na região. Entre esses símbolos, um que sem dúvida tornou-se popular é a coroa. O simbolismo da coroa baseia-se em três fatores principais: o local do corpo onde é colocada, sua forma em círculo e o material de que é feito.

Esse objeto é colocado na cabeça, simbolizando, o poder, domínio, sabedoria e controle sobre os outros. Normalmente são feitas de ouro e diversos outros materiais caros e preciosos, símbolo de riqueza material e ostentação. Esse ato dos torturadores de Jesus, foi feito e motivado pelo desejo de o humilhar, porém acabou na verdade profetizando para a humanidade o sentido profundo de sua realeza e missão sacerdotal. O sentido e a razão de tudo o que Jesus fez e suportou foi o amor comprometido com a nossa salvação.

Essa coroação, com a pretensão de o humilhar, foi na verdade um ato profético, que expressou a essência mais profunda da identidade de Deus em Jesus, bem como a alma de sua missão. A alma da missão de Jesus é o amor. Para meditar essa parte dos Mistérios Dolorosos, leia como Jesus disse:

“Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor vem de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1 João 4, 7-8).

Na lei desse Rei que é coroado de modo tão humilhante pelos homens, poder é oportunidade de amar e servir, força é oportunidade de amparar e carregar os mais fracos. Perder por amor, na verdade, é ganhar. Nesse hora dos Mistérios Dolorosos, vemos como devemos pedir a Jesus, por intercessão de sua Mãe, a doce Virgem Maria, a graça de que nossa profissão, nossos círculos de relações familiares e fraternas, nossa presença na Igreja, sejam oportunidade de servir e amar.

  • No 4° Mistério contemplamos Nosso Senhor carregando a Cruz a caminho do Calvário

O peso da Cruz foi proporcional aos meus pecados. Enquanto Jesus carregava a Cruz, os soldados açoitavam repetidamente e com toda força, suas costas. Os golpes causavam profundas contusões e hematomas. As cordas de couro com os ossos de ovelha rasgavam sua pele e o tecido celular subcutâneo. Junto com esses açoites e lacerações, seus músculos fatigados gritavam e tremulavam com o peso do grande objeto de madeira em suas costas.

Como se não bastasse esse peso, foi ainda colocado sobre sua cabeça, com tom de sarcasmo e deboche, uma coroa de espinhos. Na Palestina há vários arbustos espinhosos, que poderiam servir para este fim: O Zizyphus ou Azufaifo, chamado Spina Christi, de espinhos agudos, longos e curvos. Porém, mais afiados e agudos do que esses espinhos, mais pesado do que o grande objeto de madeira, era o pecado, o deboche, a maldade e a indiferença do povo. A meditação nesse momento dos Mistérios Dolorosos deve nos provocar a reflexão de como estamos vivendo e nos levar a uma profunda revisão de vida.

Enquanto você lê essas palavras, ou medita esse mistério, faça um profundo balanço pessoal e existencial de vida, identifique e aproprie-se de novo daqueles valores essenciais de fé que foram sendo esquecidos pela tibieza ou mesmo pelo cansaço.

Que esse mistério te possibilite e motive a desenvolver uma agenda de vida mais consistente com sua vocação de: batizado(a), de pai, de mãe, etc… construindo um legado que transcenda aos limites do tempo e do espaço neste mundo, jogando fora de modo decisivo os pecados, que Jesus carregou e destruiu na Cruz, por amor a você.

  • No 5° Mistério contemplamos a Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo

Não há maior amor do que dar a vida a favor do outro.

A crucificação, no império Romano, era uma prática terrível. As vítimas eram amarradas ou pregadas em uma viga de madeira e pendurada durante vários dias até a eventual morte por exaustão e asfixia. Estudos atribuem esse método de tortura aos Persas, que depois foi levado no tempo de Alexandre para o Ocidente e praticado a exaustão pelo Império Romano. A essa terrível punição, combinavam os elementos de humilhação, vergonha e tortura, por isso a sentença de crucificação era vista com profundo horror.

Os condenados a essa pena eram despojados de suas vestes, depois torturados duramente diante de todos. Muitas vezes, familiares e outros condenados eram forçados a assistirem ao espetáculo de tortura. Os soldados fixavam no corpo dos torturados: pregos, pedaços de ossos, fibras de madeira e coisas semelhantes. Por vezes a tortura, o açoitamento, era tão forte que o flagelado morria em consequência dos açoites, antes mesmo de ser crucificado. Daí podemos ver como Jesus o Deus feito homem foi persistente e forte, Ele a carregou até o fim. Sua força era resultante de seu amor perfeito por mim e por você.

“Aquele que tem um ‘porquê’ para viver pode suportar quase qualquer ‘como’” (Friedrich Nietzsche). A força presente na humanidade de Cristo era sua capacidade de amar. Entre uma Ave Maria e outra, faça memória dos grandes ou pequenos sofrimentos que você traz. Depois entre suspiros de fé e decisão, suplique a Deus que gere e fortaleça o amor no seu coração.

Mistérios Gloriosos (quarta-feira e domingo)

Nos Mistérios Gloriosos contemplamos os triunfos de Cristo sobre o poder das trevas. A glória de Deus significa dignidade, honra, vitória, proteção, reputação e esplendor.

Pedindo a intercessão da Virgem Santíssima, rezemos:

  • No 1° Mistério contemplamos a Ressurreição do Senhor.

ELE RESSUCITOU COMO HAVIA PROMETIDO!

Numa certa ocasião, pude presenciar um momento onde uma Senhora recebia do marido e filhos, o resultado de um laudo de perícia medica. Esse laudo mostrava, que ela depois de um longo e doloroso tratamento, estava curada do câncer. O marido entre soluços, dizia repetidas vezes a esposa: “Você está curada meu amor! Você está curada!” Ela, o esposo e os filhos se abraçavam, se beijavam e choravam. A felicidade causada por uma boa notícia, é proporcional ao tamanho da expectativa que se tinha pelo bem esperado.

Quando olhamos nos evangelhos, cenas de momentos vividos pela Virgem Maria com o amado Filho Jesus, podemos intuir ainda que de muito longe o tamanho da sua dor. Sua tortura, morte e sepultamento de modo tão humilhante. Durante esses quarenta dias tão dolorosos, quantas vezes esse coração materno, não foi visitado por cenas da infância desse Ser que se tornou carne da sua carne? A saudação do anjo: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. ” (Lc: 1,30)

O belo é que o evangelista em toda a narrativa bíblica, relacionada às cenas da paixão e morte de Jesus, faz questão de evidenciar um detalhe: “Estava em pé, junto, cruz de Jesus, sua mãe...” (João: 19,25)

Só uma coisa seria capaz de fazer, uma mãe amorosa, permanecer de pé, diante de uma cena tão dolorosa ocasionada ao fruto de suas entranhas, um amor e confiança incondicional em Deus. A fé e o amor a Deus, nos faz ficar de pé, mesmo nas grandes e humilhantes provas da vida.

Os evangelhos canônicos relatam as aparições de Jesus ressuscitado a Maria Madalena, aos onze discípulos, aos dois discípulos de Emaús, a Tomé e a Pedro e outros, no mar de Tiberíades. Entretanto, nenhum evangelista faz qualquer menção a alguma aparição de Jesus à sua Mãe. Porque será? Penso, que Maria não precisava de nenhum sinal dessa natureza. Sinais é para quem está vacilante na fé e na confiança em Deus.

A oração atenta e meditativa desse mistério do santo Rosário, deve criar um espaço oportuno em nosso coração, para que recebamos o transformador choque na ressurreição. “Ele ressuscitou, como havia dito! ” Estas palavras do anjo a “Maria Madalena”, ao amanhecer do primeiro dia, deve ser hoje, também, um brado de alerta e de esperança para nós. Posso sofrer, chorar, me entristecer, mas a alegria renascerá.

  • No 2° Mistério contemplamos a Ascenção de Jesus aos Céus

UMA VIDA DE LOUVOR CONSTANTE, NOS LABIOS E CORAÇÃO.

Às vezes fico pensando e analisando os vários impactos emocionais na cabeça desses homens e mulheres fiéis a Jesus. Viviam sem esperança, oprimidos de um lado pela Lei judaica, de outro pela violência do Império Romano. Nesse contexto de espera e ansiedade Jesus se apresenta a eles como um Oceano de consolação e esperança. Esse amoroso Mestre, porém, é torturado e humilhado publicamente. Quando tudo parecia acabado, Ele ressuscita, mais uma vez a alegria e a esperança retorna aos corações.

Os entusiasmados discípulos, suspiraram e diziam: Que maravilha! O Mestre voltou, ainda mais poderoso do que antes! Quando pensavam que era o tempo da implantação definitiva do Reino de Deus, o mestre agora, os deixa novamente subindo aos céus e confiando a Eles uma missão aparentemente mais árdua do que até então. Leia:

“Então Jesus levou-os para fora, até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu. Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus. (Lucas, 24.50-53)

O belo é ver que, apesar dessa aparente separação, eles estavam felizes e bendiziam a Deus. Nesse mistério, vamos juntos entre uma Ave Maria e outra, suplicar a Jesus, o Choque da Ressurreição. Que vivamos nossos dias, como esses corações, adorando com grande alegria, sempre na Igreja e em nossa família, bendizendo a Deus, na certeza de que Ele está conosco e cumprirá sempre suas promessas.

  • No 3° Mistério contemplamos a Vinda do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos

DEUS SEMPRE CUMPRE SUA PALAVRA.

Nesse mistério do Santo Rosário, somos motivados a contemplação do grande acontecimento, da vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos. Falar do Espírito Santo é falar de uma Santa promessa de Deus. A simples pronúncia da palavra promessa, já pode gerar desconforto em alguns corações. Sobretudo daqueles que foram frustrados e decepcionados por promessas feitas por pais, amigos, cônjuges e não cumpridas.

Vivemos um clima de pensamento e comportamento tão hostis à virtude, que há até quem sinta vergonha de ser honesto e honrado. Ter boa índole em alguns discursos equivale a ser trouxa. Tudo isso faz com que um clima de suspeita e desconfiança paire no ar.

Sabe o que é pior? Corremos um sério risco de projetarmos nossas suspeitas e desconfianças em Deus. Deus porém é fiel, sempre honra e cumpre suas promessas e constantemente faz mais do que prometeu. Nesse mistério do Terço, eu te convido a renovar sua confiança nas promessas de Deus. Entre essas várias promessas, há uma em particular que devemos abraçar nessa dezena do terço:

“Derramarei sobre vós uma água pura, e sereis purificados. Eu vos purificarei de todas as impurezas e de todos os ídolos. Eu vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós. Arrancarei do vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne; porei o meu espírito dentro de vós e farei com que sigais a minha lei e cuideis de observar os meus mandamentos. Habitareis no país que dei a vossos pais. Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus. ” (Ezequiel, 6,25-28)

Entre uma Ave Maria e outra, traga no seu coração essa certeza: “Deus é sempre fiel e honrará sua palavra”. Assim seja, Amém!

  • No 4° Mistério contemplamos a Assunção de Maria aos Céus.

A MÃE FOI PARA JUNTO DO FILHO.

Quando meditamos e analisamos os aspectos teológicos desse princípio de fé, baseado na assunção de Maria ao céu, sem passar pela morte corporal, algumas perguntas podem surgir:

“Se Jesus o Filho de Deus, a segunda pessoas da Santíssima Trindade morreu, porque a Virgem Maria, subiu ao céu de corpo e alma, sem passar pela morte?”

Esse questionamento foi conteúdo de longas reflexões teólogos e de muitos santos, na história da Igreja. Os pastores da Igreja fizeram essa pergunta, discutiram e analisaram com muita seriedade. Foi então que com o auxílio da graça e estudos sérios das escrituras, foram encontrada as respostas. Existe uma diferença fundamental entre a morte de Jesus e a morte de um outro ser humano qualquer. “Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda? ” (João 11,50).

Jesus na cruz, assume a culpa, os erros, os pecados de todos os homens, cometidos em todos os períodos da história, Ele morre no meu e no seu lugar. Mostra então com esse gesto, algo que foi a alma de tudo o que Ele se esforçou para nos ensinar:

“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos” (João 15,12-13).

A cruz que temos nas paredes de nossas casas, que trazemos no pescoço, ou no terço, deve ser um símbolo que nos lembre constantemente essa declaração profética de Isaias e cumprida de modo pleno em Jesus: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas chagas fomos curados”. (Isaías 53-4,5)

Baseado então, nessas premissas teológicas tão sublimes, é que a Igreja acredita piamente que a Virgem Maria, escolhida de Deus, para a realização de uma missão tão particular, em favor do seu povo, não morreu, mas está no céu, coroada de gloria pela Majestade Divina. Termino ainda enfatizando um dado de fé: Lá no céu, ela está a realizar de modo mais pleno, algo que já fazia muito bem, quando estava neste mundo, intercedendo por nós.

  • No 5° Mistério contemplamos a Coroação de Nossa Senhora como Rainha do Céu e da Terra

UMA MULHER SAGRADA.

A coroação é um ato realizado pelas monarquias de muitos povos. Esse objeto, feito com material nobre é o símbolo mais importante da realeza. Coroa representa poder, autoridade, liderança, legitimidade, imortalidade e humildade. A coroa em outras palavras é o sinal de que o seu portador é Herdeiro de heranças, nobrezas e honras. São Paulo, foi um dos que muito ansiaram por essa coroa, tanto que em um dos seus últimos discursos vai dizer:

“Quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa. (2Tm 4,6-8)

Essa coroa é o símbolo máximo daqueles, que honraram sua filiação Divina. O que a coroa de espinho oferecida e colocada pelos homens em Jesus, tinha de humilhante e desonrosa, a coroa oferecida pelo amor perfeito e misericordioso de Deus, a nós, seus filhos, tem de gloriosa. Ela é dada a todos os que viveram sua estadia neste mundo com sinceridade, fé e amor.

Com isso, quero ainda dizer que, depois de Jesus, ninguém nesse mundo viveu e se conformou de modo tão pleno à essa Divina vontade, a não ser Maria. Por isso, se tem alguém que é destinatária por excelência dessa profecia, proferida pelo apostolo Paulo, esse alguém é sem dúvida Maria, Santa Maria, Virgem escolhida de Deus, Rainha do céu e do nosso coração. 

Mistérios Luminosos (quinta-feira)

Nos Mistérios Luminosos contemplamos a Vida Pública de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pedindo a intercessão da Virgem Santíssima, rezemos:

  • No 1° Mistério contemplamos o Batismo de Jesus no Rio Jordão.

Na primeira dezena dos mistérios luminosos do Santo Terço, contemplamos um significativo acontecimento: o Batismo de Jesus. Para entender com profundidade esse gesto do Filho de Deus, de se deixar batizar por João Batista, precisamos nos inteirar do significado que esse gesto tinha na cultura judaica.

O Rio Jordão era provavelmente um dos rios mais importantes do Oriente Médio, ele se localizava entre Israel, Jordânia e em várias outras partes da região Palestina, mas alcançava também partes da Síria. Trata-se de uma região antiga, cenário de outros eventos não apenas bíblicos, mas também históricos.

Devido ao seu simbolismo e importância diversos batizados são, até os dias de hoje, realizados em suas águas. Confira essa passagem, onde ele aparece no evangelho.

“Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mateus 3, 5-6).

Jesus então se dirige a essa localidade e realiza um ato profético, deixa-se batizar por João. Alguém poderia se perguntar: Por que Jesus se fez batizar? Ele não já possuía todo o respaldo messiânico de enviado do Pai? Esse questionamento foi feito também por João Batista a Jesus:

“Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão para ser batizado por João. João, porém, tentou impedi-lo, dizendo: “Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (Mateus 3, 13-14).

Diante da pergunta do confuso João, olha só o gesto de Jesus: “Deixe assim por enquanto; convém que assim façamos, para cumprir toda a justiça”. E João concordou. Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado” (Mateus 3, 15-17).

Gosto sempre de recordar que Jesus não era um pregador que se contentava apenas com discursos. Esses personagens apenas tagarelas, faladores, já havia muito entre judeus, gregos e romanos da época. Nos mistérios Luminosos vemos como Jesus sempre relacionava a fé e a obra, o discurso e a prática.

Para cada discurso e ensinamento, Ele realizava um ato, um gesto complementário. Entre esses gestos, o de se deixar batizar, como também o de lavar os pés dos apóstolos, brincar com as crianças, etc. Quando rezarmos essa dezena dos Mistérios Gozosos vemos como Deus é poderoso, peçamos a Ele a graça de nos deixar lavar, purificar nas águas do seu amor e misericórdia, fazendo memória também dos nossos compromissos batismais.

  • No 2° Mistério contemplamos o 1° Milagre de Jesus nas bodas de Caná.

Nesse mistério do Rosário, nosso coração se volta para uma belíssima cena, em que Jesus realiza seu primeiro milagre, transformando água em vinho. Leia a passagem com atenção:

“Naquele tempo, Houve um casamento em Caná da Galiléia. A mãe de Jesus estava presente. Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. Como o vinho veio a faltar, a mãe de Jesus lhe disse: ‘Eles não têm mais vinho’. Jesus respondeu-lhe: Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou’. Sua mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei o que ele vos disser’. Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos que estavam servindo: ‘Enchei as talhas de água’. Encheram-nas até a boca. Jesus disse: Agora tirai e levai ao mestre-sala’. E eles levaram. O mestre-sala experimentou a água, que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: ‘Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!’ Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele” (João 2, 1-11).

Para compreendermos a profundidade e o impacto que esse gesto de Jesus realmente teve na vida das pessoas que presenciaram, sobretudo do casal de noivos, faz-se necessário investigarmos o significado do vinho na cultura judaica antiga. O vinho para um judeu simboliza alegria, é um sinal de bênção consumido em ocasiões especiais. Ele serve como uma espécie de “fio condutor, um estimulante” das comemorações e dos cultos a Deus. Na Páscoa, eram tomados quatro cálices; nos casamentos, dois; e nas circuncisões, um.

Essa bebida era ainda consumida no início do (Sabbath) Sábado, logo após o pôr do sol da sexta-feira, já que o dia posterior começava com o pôr do sol do anterior. Porém, atenção, não é só nas alegrias que o vinho era lembrado. Nos antigos funerais dos judeus, havia um “cálice de consolação”, composto por dez taças de vinho, que eram servidas aos parentes mais próximos do falecido. Como podemos ver, mesmo nessa breve apresentação, o vinho estava associado a profundos acontecimentos, alegres ou tristes do povo de Deus. Faltou vinho, faltou vida, sentido e esperança.

Nesse momento dos Mistérios Luminosos vemos como devemos suplicar a Jesus, por intercessão de sua Amorosa Mãe, que a alegria seja restaurada, fortalecida e purificada no nosso coração. Não importam quais são as grandes fábricas de dores e sofrimentos que a vida apresente, onde venha faltar paz, alegria, amor, etc. feche seus olhos, respire fundo e escute a Virgem Maria dizer para Jesus: “Filho, ele(a) não tem mais vinho (alegria). Realize o milagre que ele(a) precisa”. Acredite, tudo será diferente.

  • No 3° Mistério contemplamos o Anúncio do Reino de Deus e o convite à conversão.

A tradição da Igreja ofereceu vários santos títulos a Jesus, que evidenciavam um aspecto de sua perfeita e divina missão e identidade. Entre esses tpítulos estão: “Príncipe da Paz, Bom Pastor, Cordeiro Imolado, etc.” Há ainda um muito belo que é revelado no terceiro mistério luminoso, leia:

“Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).

No fundo, Jesus está querendo dizer o que? “Olhem, algo muito maravilhoso vai acontecer, fiquem atentos, não percam nenhuma oportunidade”. Jesus se mostra como um santo e perfeito conselheiro. A fé e a penitência amorosa são indicadas por Ele como um “Guia da graça”. Confirmando esse bendito atítulo, olhe só o que vai dizer Isaias sobre o Messias:

“Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz” (Isaias 9, 5).

Na meditação e contemplação desse parte dos Mistérios Luminosos, vemos como fazer memória dos vários e vários conselhos oferecidos a nós por Jesus no Evangelho, mas também por meio da moral e disciplina da Igreja que é sua Esposa. E ouso ainda mais: devemos estar atentos a conselhos que Jesus no oferece por meio de pessoas que nos querem bem. Que essa pequena motivação seja para você um bom conselho de encorajamento. Que sempre obedeçamos a Deus, sob toda e qualquer condição e situação.

  • No 4° Mistério contemplamos a Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo

Nesse quarto mistério, somos envolvidos pela transfiguração do Senhor. Para nos ajudar a mergulhar com mais profundidade nessa experiência dada por Jesus aos apóstolos, Leia com piedade:

“Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos, e não tenhais medo”. Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos” (João 17, 1-9).

Como foi possível notar no relato evangélico nessa parte dos Mistérios Luminosos, Jesus realizou uma manifestação, uma transfiguração diante de seus fiéis e queridos apóstolos. Porém, o que significa transfiguração? Mesmo pesquisando em vários dicionários o conceito de transfigurar parece que nenhum conseguiu definir de modo pleno, o que de fato aconteceu nesta manifestação luminosa de Jesus.

O máximo que é possível contemplar ainda que longe é que trata-se de uma expressão antecipada da sua glória, que viria com a ressurreição ou seja após as terríveis humilhações, desprezos e dores que escolheria abraçar por amor a nós. De qualquer forma, foi um bálsamo dado previamente pelo Pai, para que os discípulos pudessem compreender com mais profundidade os seus projetos de salvação.

O fato é que Jesus estava muito diferente do ordinário, era luminoso, claro, resplandecente. A questão que hoje a Teologia tenta desvendar é se Jesus tornou-se resplandecente ou se os apóstolos é quem foram libertos ainda que por um instante dos inúmeros conceitos equivocados sobre Ele.

Quando o coração e os olhos são puros, conseguimos reconhecer quem realmente é Jesus, o Divino ocultado no Humano, o Eterno que entrou no tempo, o Tudo escondido no fragmento. Quando você meditar essa parte dos Mistérios Luminosos como todo o restante do Terço, respire fundo, olhe ainda que por um instante para sua vida, permita que seus olhos se abram, para que você reconheça Jesus, escondido mesmo atrás de aparentes fracassos e dores que você possa ter vivido ou estar vivendo.

  • No 5° Mistério contemplamos a Instituição da Santíssima Eucaristia.

No último mistério luminoso do Santo Terço, devemos louvar e bendizer a Deus que em Jesus, por Jesus e com Jesus, se faz alimento de vida eterna para nós. Trata-se da instituição da Santa Eucaristia. Esse sacramento foi rejeitado e ainda é pelos nossos irmãos protestantes. Para eles, trata-se apenas de um símbolo, uma encenação que Jesus promoveu. Vamos então recorrer ao que de fato o texto bíblico diz, Leia:

“Os judeus discutiam entre si, dizendo: ‘Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” (João 6, 52).

Veja só quando Jesus falou sobre o pão consagrado os seus ouvintes entenderam exatamente que Ele não se referia a um símbolo. Compreenderam que de fato o pão consagrado tornava-se de modo transubstancial a sua carne e o vinho o seu sangue. Foi justamente daí que surgiu todo o escândalo e revolta dos judeus. Porém, Jesus não voltou atrás, mas continuou dando ênfase às suas declarações, para saber como rezar essa parte dos Mistérios Luminosos, leia o texto na íntegra:

“Então Jesus disse: ‘Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. PORQUE A MINHA CARNE É VERDADEIRA COMIDA E O MEUS SANGUE, VERDADEIRA BEBIDA. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre. Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum” (João 6, 53-59).

Penso que depois desse discurso tão claro de Jesus não é preciso dizer mais muitas coisas sobre esse bendito Sacramento. Para um bom entendedor, meia palavra basta, quanto mais seis versículos do Evangelho com as Palavras do próprio Salvador e Senhor Jesus. Espero e desejo que esse texto possa ter esclarecido alguns e fortalecido o louvor e a gratidão no coração de outros, por esse bendito privilégio que é recebermos o corpo e o sangue do Senhor.

Fonte:

https://comshalom.org/como-meditar-os-misterios-gozosos-do-santo-rosario/

https://comshalom.org/como-meditar-os-misterios-dolorosos-do-santo-rosario/

https://comshalom.org/meditacao-dos-misterios-gloriosos/

https://comshalom.org/como-meditar-os-misterios-luminosos/

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