Qual o verdadeiro significado do Escapulário?

No dia 16 de março de 1251, Nossa Senhora do Carmo apareceu a São Simão Stock fazendo promessas especiais para aqueles que usarem com fé e devoção o seu Escapulário.

Apesar de muito popular, muitas pessoas usam o Escapulário simplesmente por modismo, seja porque ganhou de presente de uma pessoa querida, seja porque viu outras pessoas usando, sem saber o real significado deste presente especial da Virgem Santíssima, este é um grave erro.

Por isto nós da Equipe Nossa Sagrada Família trazemos para você esta matéria especial explicando tudo o que você precisa saber sobre o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

Um olhar para o Catecismo da Igreja Católica

Antes de falar do Escapulário em si, é importante ressaltar um ponto que por vezes gera confusão quando se trata dos sacramentais aprovados pela Igreja Católica.

Infelizmente movidos pela ignorância ou mesmo por maldade, muitos olham para o Escapulário, a Medalha Milagrosa, a Medalha de São Bento, entre outros sacramentais, como se estes fossem “amuletos”, o que é um engano.

Na verdade, a Igreja Católica condena o uso de todo e qualquer objeto que “atraía sorte”, “talismãs” assim como todas as demais práticas de superstição, pois, como nos afirma o Catecismo da Igreja Católica, nos parágrafos 2111 e 2117:


"A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Pode afetar também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo, quando atribuímos uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, em si mesmas legítimas ou necessárias.” (CIC §2111)

“Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar poderes ocultos, para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo - mesmo que seja para proporcionar a este a saúde -, são gravemente contrárias à virtude da religião. […] O uso de amuletos também é repreensível.(CIC § 2117).


Então, o que é um Sacramental?

Para responder a esta pergunta voltemos o nosso olhar novamente para o Catecismo da Igreja Católica.

“A santa mãe Igreja instituiu os sacramentais, que são sinais sagrados pelos quais, à imitação dos sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais, obtidos pela impetração da Igreja. Pelos sacramentais os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e são santificadas as diversas circunstâncias da vida” (CIC § 1667)

Isto quer dizer que os sacramentais são objetos que nos preparam para receber e cooperar com as graças que Deus nos concede. São, por si mesmos, - como o próprio nome indica - atos fugazes e transitórios e, não permanentes, como no caso dos Sacramentos.

Eles não agem automaticamente contra as adversidades, como se tivessem ‘‘poderes mágicos’’, mas são como recursos auxiliares para nos unir ainda mais a Nosso Senhor e devem nos estimular no progresso da fé.

Monges e Monjas Carmelitas descalços de Filipinas

O que é o Escapulário?

A expressão “escapulário” vem da palavra latina scapula e quer dizer, literalmente, aquilo que se traz sobre os ombros.

Quando Nossa Senhora do Carmo apareceu a São Simão Stock em 16 de julho de 1251, ela lhe entregou o primeiro escapulário.

Este não era pequeno da forma que conhecemos hoje em dia, mas sim, um hábito comprido, semelhante a uma túnica, porém sem as mangas e aberta dos lados, como uma espécie de avental, que levava a mesma cor marrom do hábito dos monges carmelitas. Depois da aparição, os carmelitas incorporaram esta peça ao restante do hábito, de forma que todos os carmelitas a usassem assim que entrassem na Ordem.

De início o escapulário era visto como sinal de obediência, além de simbolizar o julgo suave e o fardo leve de Cristo (cf. Mt 11, 30). Especialmente após a aparição de Nossa Senhora, essa devoção acresceu-se um novo significado: o escapulário passou a ser o “hábito da Virgem Maria”.

Com o passar do tempo a devoção a Nossa Senhora do Carmo e ao escapulário expandiu-se para além dos muros dos mosteiros, de forma que, para permitir que outras pessoas sejam beneficiadas pelas inúmeras graças gentilmente derramadas pelas mãos da Senhora do Carmo, o escapulário foi diminuindo de tamanho, até a forma reduzida como vemos hoje.

O Carmelo é todo de Maria

A espiritualidade carmelitana é fundada principalmente na grande e profunda devoção a Virgem Santíssima. De fato, não é exagero nenhum afirmar que o Carmelo é todo de Maria pois o maior modelo de vida dos carmelitas é a Santa Mãe de Deus. É na imitação das virtudes da Virgem Maria, em especial o silêncio, a oração e a contemplação que podemos chegar à plenitude cristã, a santidade almejada por Deus a nós, pois Maria é a cheia de Graça, a mais santa de todas as criaturas de Deus.

Quem quer que receba a imposição do escapulário é como que agregado, de alguma forma, à grande família carmelita, como diz expressamente o atual "Rito de Benção e Imposição do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo", aprovado em 1996 pela Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos:

"O Escapulário é também um sinal de comunhão com a Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, que se dedica ao serviço de Nossa Senhora para o bem de toda a Igreja. Ao recebê-lo, vós exprimis o desejo de participar no espírito e na vida da Ordem."

Esta consagração porém, não ocorre por meio de um voto, como faz os religiosos, mas por meio do sacramental.

O Escapulário: sinal visível do amor da Virgem Maria

No dia 16 de julho de 1251, em meio a muitas dificuldades, São Simão Stock, superior geral da Ordem, rezava no convento de Cambridge, na Inglaterra. Em sua oração, o santo pediu a Nossa Senhora um sinal visível de sua proteção. Em resposta, ele recebeu da Virgem Maria o escapulário com a promessa:

“Recebe, meu filho muita amado, este Escapulário de tua Ordem, sinal de meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas: quem com ele morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e de amor eterno”.

Ao usarmos o escapulário, consagramo-nos inteiramente aos doces e amorosos cuidados da Virgem Santíssima, sendo convidados a imitar dela as virtudes em uma vida de verdadeira piedade, para que assim possamos receber dela o cumprimento da tríplice promessa de:

  1. Proteção durante a vida,

  2. Assistência na hora da morte,

  3. Salvação eterna.

Como usar o Escapulário?

Como explicamos anteriormente, o uso do escapulário implica em uma espécie de integração na família espiritual carmelita, o ato de receber o escapulário deve ser feito por imposição.

Esta cerimônia é simples porém é necessário estar atentos a alguns detalhes importantes:

  1. A imposição do escapulário é deve ser feito por um sacerdote ordenado (padre) ou por um diácono. Este presidirá o atual “Rito de Benção e Imposição do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo”.

  2. Para a imposição é feito somente com o Escapulário do Carmo na sua forma tradicional, isto é, aquele feito de tecido e de cor marrom. Depois disso ele pode ser substituída por uma medalha apropriada, ou um escapulário de um outro material, conforme a autorização concedida em 1910, pelo Papa São Pio X.

  3. É conveniente, mas não absolutamente necessário, que o escapulário possua a imagem de Nossa Senhora. Basta, como já dito, que ele possua dois pedaços de pano unidos por tiras, como uma veste que se impõe sobre o pescoço.

É válido lembrar que, uma vez feita a imposição nos moldes acima prescritos, a bênção se transfere para a pessoa, pois ela se torna como que membro permanente da família carmelita, de modo que, deteriorado ou perdido o escapulário, basta que ele seja substituído por outro, não sendo necessário benzê-lo, nem fazer um nova imposição.

Quais os deveres para aqueles que usam o Escapulário?

Quem se reveste deste sinal mariano deve adotar algumas atitudes fundamentais:

  1. Colocar a Deus em primeiro lugar na sua vida e buscar sempre realizar a vontade d’Ele.

  2. Esforçar-se seriamente para viver em estado de graça e confessar-se sempre que tiver caído em pecado.

  3. Viver de modo especial a virtude da pureza, guardando a castidade própria de cada estado de vida.

  4. Escutar a Palavra de Deus na Bíblia e praticá-la na vida.

  5. Buscar a comunhão com Deus por meio da oração diária, que é um diálogo íntimo que temos com Aquele que nos ama.

    Como o escapulário está intimamente ligado à espiritualidade carmelitana, é oportuno recordar-se todos os dias da Virgem Santíssima, rezando uma oração voltada a doce Mãe de Deus. Não já nenhuma oração que seja obrigatória, portanto reze aquela da sua preferência, porém nós sugerimos o Santo Terço, ou ao menos 3 Ave-Marias.

  6. Abrir-se ao sofrimento do próximo, solidarizando-se com ele em suas necessidades e procurando ajudar a solucioná-las.

  7. Receber adequadamente os Sacramentos da Igreja, particularmente a Eucaristia e a Reconciliação.

Observe-se que não são condições extraordinárias: são as que já se esperam de qualquer católico habitualmente. O escapulário não adiciona nenhum outro compromisso: ele apenas reforça o compromisso cristão de vivermos o que já somos chamados a viver – acrescentando, isto sim, uma especial promessa de ajuda para que de fato vivamos esses compromissos e, com isto, nos abramos à graça salvadora de Jesus e em graça estejamos na hora da nossa morte.

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Fontes:

https://padrepauloricardo.org

https://formacao.cancaonova.com

https://carmelitas.org.br/carisma-carmelitano/

https://www.ofielcatolico.com.br/2001/05/os-sacramentais-da-igreja-catolica.html

https://pt.aleteia.org/2018/03/02/7-duvidas-frequentes-sobre-a-imposicao-do-escapulario/

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