Santa Sé reconhece virtudes heróicas de Maria de Lourdes Guarda, religiosa brasileira dedicada aos pobres

Religiosa consagrada do Instituto Caritas Christi viveu décadas imobilizada por doença, mas tornou-se referência nacional na evangelização, no cuidado aos pobres e na inclusão das pessoas com deficiência.

A Santa Sé anunciou o reconhecimento das virtudes heroicas da brasileira Maria de Lourdes Guarda, conferindo-lhe oficialmente o título de Venerável. A decisão, aprovada pelo Papa Leão XIV e promulgada pelo Dicastério para as Causas dos Santos, marca um avanço significativo no processo de canonização de uma mulher cuja vida foi marcada por fé inabalável, sofrimento redentor e dedicação absoluta aos mais vulneráveis.

Uma vida que floresceu na dor

Nascida em Salto (SP), em 22 de novembro de 1926, Maria de Lourdes cresceu em uma família simples, profundamente católica. Aos 21 anos, um grave problema na coluna — agravado por procedimentos mal-sucedidos — deixou-a paralisada da cintura para baixo, forçando-a a viver entre hospitais, cadeiras de rodas e longos períodos de imobilização.

O que poderia ter sido o início de isolamento e desesperança tornou-se seu caminho de santidade. Mesmo enfrentando dores constantes, infecções, amputação de perna e outras complicações severas, Maria de Lourdes abraçou uma vocação de entrega radical a Deus.

Consagração e missão: transformar limites em apostolado

Impossibilitada de ingressar num instituto religioso tradicional, ela encontrou seu espaço no Instituto Secular Caritas Christi, em 1970, consagrando-se totalmente à vida espiritual e missionária, sem deixar o estado leigo.

De sua cama — que se tornou seu “púlpito missionário” — Maria de Lourdes acolhia pessoas, respondia cartas, orientava espiritualmente famílias, rezava intensamente e conduzias grupos de apoio. Sua casa, simples e adaptada às suas limitações, tornou-se um pequeno centro pastoral, onde muitos buscavam escuta, conforto e oração.

Serva dos pobres e das pessoas com deficiência

Apesar das limitações físicas extremas, Maria de Lourdes atuou vigorosamente na defesa da dignidade dos mais frágeis:

  • Foi chamada de “Apóstola das Pessoas com Deficiência no Brasil”.
  • Atuou por 10 anos na Fraternidade Cristã das Pessoas com Deficiência (FCD), onde coordenou trabalhos de formação, inclusão e acompanhamento pastoral.
  • Acolheu doentes, pessoas em sofrimento psicológico, famílias sem recursos e jovens em busca de sentido.
  • Inspirou movimentos pastorais e iniciativas de evangelização em diversas dioceses do país.

Sua espiritualidade era centrada na Eucaristia, na misericórdia, na aceitação do sofrimento como oferta, e na convicção de que cada pessoa — independentemente de suas limitações — possui dignidade infinita.

Virtudes heroicas oficialmente reconhecidas pela Igreja

O decreto de venerabilidade atesta que Maria de Lourdes viveu em grau heroico:

  • , com absoluta confiança em Deus no sofrimento;
  • esperança, permanecendo alegre mesmo diante de longas enfermidades;
  • caridade, expressa no acolhimento, no serviço e na entrega aos pobres;
  • fortaleza, por suportar décadas de dores intensas com serenidade;
  • humildade e doçura, marcas profundas de sua relação com Deus e com os irmãos.

O Dicastério destacou que, mesmo limitada fisicamente, ela “acolheu, evangelizou, consolou e serviu com mansidão e amor, transformando sua dor em oferenda”.

“Na simplicidade e no serviço encontramos o rosto de Cristo no irmão.”

Etapas do processo de canonização

Com o reconhecimento das virtudes heroicas, Maria de Lourdes se torna oficialmente Venerável.

Os próximos passos serão:

  1. Reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão → para beatificação.
  2. Reconhecimento de um segundo milagre → para canonização.

Por que sua história importa hoje

A trajetória de Maria de Lourdes Guarda dialoga profundamente com os desafios contemporâneos da Igreja:

  • oferece esperança para quem vive doenças crônicas;
  • inspira famílias de pessoas com deficiência;
  • reforça a visão cristã da dignidade humana e inclusão;
  • mostra que santidade é possível na vida ordinária e nos limites humanos, inclusive nos dias atuais;
  • encoraja a Igreja a olhar para os que sofrem como protagonistas e não objetos de cuidado.

Sua vida é um testemunho vivo daquilo que o Papa frequentemente recorda:

“A santidade cresce na fidelidade cotidiana e silenciosa.”

E você, já conhecia a história dela? Conta aqui nos comentários.

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